A uns escassos 80 metros do Templo Romano na bela cidade de Évora, num antigo palacete devoluto há mais de 30 anos, nasce um projeto único em Portugal: “Casa Morgado Esporão - Residência das Artes, Ciências e Humanidades”.
O Palacete em questão reúne elementos arquitectónicos dos séculos XIV, XV, XVII e XIX. No século XV foi residência de Álvaro Mendes de Vasconcelos, 4º Morgado do Esporão, fidalgo da Casa de Bragança, figura central da corte de D. João III, embaixador de Portugal na corte do imperador Carlos V em Madrid e, mais tarde, no Vaticano junto do Papa Paulo III. A proeminência desta figura histórica pode testemunhar-se visitando a Capela do Morgado do Esporão, situada na Catedral Sé de Évora, onde Álvaro Mendes de Vasconcelos se encontra sepultado com a sua família. Posteriormente, o imóvel foi ocupado por diversas personalidades ligadas ao clero e à nobreza rural do Alentejo.
“Quando visitei o imóvel pela primeira vez tornou-se claro que este tinha muita qualidade e que oferecia oportunidades extraordinárias. São 1700 metros quadrados de área coberta, com elementos arquitectónicos e decorativos notáveis, pátio e jardim exteriores, na zona mais central da cidade”, refere o mentor da empresa criada para gerir este empreendimento envolvendo um investimento superior a um milhão de euros e que foi cofinanciado pelo programa Alentejo 2020.
“Essencialmente a Casa Morgado Esporão é gerida como um apart-hotel de charme, com alojamentos que variam entre os 30 e os 85 m2, mas pretende trabalhar mercados especializados de modo tornar-se um espaço de referência para os segmentos relacionados com as artes, as ciências e as humanidades” salienta Ana Meireles, diretora do empreendimento. “Os alojamentos que oferecemos são, na sua maioria, apartamentos com quarto, sala com copa e casa de banho, o que permite que os hóspedes façam estadias de média duração.”
Ainda que o empreendimento esteja agora a dar os seus primeiros passos “já aqui ficaram num regime de média duração, investigadores espanhóis a realizar estadias sabáticas na Universidade de Évora, assim como um escritor norte americano que se encontrava em Évora a escrever um romance. Foram hóspedes que nos deram uma grande alegria pois a Casa Morgado Esporão foi criada originalmente a pensar neste tipo de públicos.” Uma outra surpresa, foi o interesse que a Casa Morgado Esporão despertou entre altos quadros da industria tecnológica em Évora. “Muitos destes quadros não residem em Évora e vêm cá por períodos relativamente curtos. Tradicionalmente estas pessoas ficavam em hotéis ou quintas nas imediações da cidade. Hoje, com a Casa Morgado Esporão, podem ficar no centro histórico. Têm os serviços inerentes a uma unidade hoteleira, mas acrescentamos comodidade que só um apartamento pode dar”, remata Ana Meireles.
Ao contrário de muitos empreendimentos turísticos tradicionais, a Casa Morgado Esporão não está à espera que os turistas a descubram. Além das reservas tradicionais, feitas diretamente através da sua página web, ou das habituais plataformas de reservas que se encontram on-line, como a Booking e o Airbnb, a Casa Morgado Esporão organiza eventos em domínios artísticos, científicos e culturais. “Temos já em carteira a segunda edição de um curso de cinema orientado para a produção de documentários científicos e culturais, leccionado por um dos colaboradores da BBC na série Planet Earth e temos outros cursos em áreas ligadas às ciências naturais que estão a ser considerados já em 2018”. Os cursos realizados na Casa Morgado Esporão distinguem-se por se realizarem num regime intensivo e de residência. Tanto os professores como os alunos ficam alojados na Casa o que permite um nível de interação muito superior aos cursos tradicionais. Além de cursos, a Casa Morgado Esporão organiza e recebe exposições, saraus musicais, colóquios e debates. Já em 2018, a empresa foi contactada por uma importante editorial Britânica para aqui fazer o lançamento de um livro.
“Há muito que contemplo Évora e vejo uma cidade com um potencial enorme por realizar. É uma das cidades mais belas da Europa, numa região que ocupa um terço da área do País e que rivaliza em beleza com outros grandes ícones paisagísticos do mediterrâneo como sejam a Toscânia, a Provença e o Peloponeso. Por outro lado, reúne uma massa crítica desproporcionada face ao seu tamanho e possui uma tradição artística e cultural que remonta, pelo menos, ao século XVI. Tudo isto, a dois passos de Lisboa e a um mero passo de Espanha. Os agentes turísticos já perceberam o potencial que tanto a cidade como a região têm, mas nós trazemos uma nova dimensão até agora negligenciada: o turismo científico e cultural que se entrecruza com as atividades económicas vitais da cidade. Estas pessoas vêm cá não só para descansar e desfrutar dos serviços que a região proporciona, mas também para efetuar uma parte da sua formação ou atividade profissional”, explica Ana Meireles que regressou a Portugal para se entregar a este projeto.